William P. Bengen é um consultor financeiro já aposentado, nascido em Nova York e formado inicialmente no renomado MIT (Massachusets Institute of Technology), em aeronáutica e astronáutica. Mais tarde, em 1990, graduou-se na área de "planejamento financeiro" e em 1993, concluiu seu mestrado.
Em Outubro de 1994, Bengen publicou no "Journal of Financial Planning" um brilhante artigo sobre finanças, com foco em uso sustentável do patrimônio acumulado para uma aposentadoria (Link original do mesmo: Determining Withdrawal Rates Using Historical Data), onde baseado em estudos de dados históricos com intervalos de 30 anos (exemplo: de 1926 a 1955, de 1927 a 1956, etc...), do mercado de ações dos 75 anos anteriores, definiu uma valor de "saque anual seguro" - que depois chamou de "SAFEMAX", num artigo seguinte a este, em 1996), que pelos dados que estudou, seria a quantia histórica mais segura a ser sacada anualmente de uma carteira de investimentos toda voltada para a aposentadoria (portfólio de aposentadoria), para arcar com as despesas anuais do aposentado / investidor em questão. Esse saque seria feito ao fim do ano e, no início do ano seguinte, a carteira seria rebalanceada para equilibrar em 50%/50% as ações e os Bonds novamente.
Este valor de saque inicial (SAFEMAX) seria de 4% e por isso ficou conhecido como a "Regra dos 4%" ("Four percent rule" ou "Bengen`s rule"), e seria corrigido anualmente pela inflação do ano anterior e considerando um prazo mínimo de 30 anos de longevidade para o portfólio. Na verdade, o valor descoberto foi de 4,15% no estudo supracitado - este valor foi definido no "pior cenário possível", que seria para quem se aposentou em 1966 - mas a fama ficou nos 4% usados nos exemplos gráficos que mostrou. O Valor de 4% é apenas inicial, depois de definido ele apenas é corrigido pela inflação, ano a ano. Não se faz novo cálculo de 4% sobre o valor atual do portfólio, nos anos seguintes!
Pelo gráfico "1b" abaixo, da página 173 da revista, notamos que a média de duração (sobrevida) do portfólio 50%/50% foi acima de 50 anos, na grande maioria dos anos estudados, mesmo com a retirada anual inicial de 4% (SAFEMAX) que é depois corrigida pela inflação do ano anterior. Em nenhum ano estudado, o portfólio durou menos que 33 anos ("pior cenário possível").
Pelo gráfico "1b" abaixo, da página 173 da revista, notamos que a média de duração (sobrevida) do portfólio 50%/50% foi acima de 50 anos, na grande maioria dos anos estudados, mesmo com a retirada anual inicial de 4% (SAFEMAX) que é depois corrigida pela inflação do ano anterior. Em nenhum ano estudado, o portfólio durou menos que 33 anos ("pior cenário possível").
Na mesma página, o gráfico "1a" abaixo mostra que o mesmo portfólio supracitado e uma Safemax de 3%, a sobrevida do portfólio foi de 50 anos ou bem mais que isso, conforme o texto, em todos os casos. E 50 anos de sobrevida do cliente, após aposentado, é raro. Com 3,5%, os resultados foram muito próximos.
Os resultados mudam drasticamente com 5% e 6% de SAFEMAX:
O portfólio de aposentadoria apresentado no artigo é um mix de 50% em ações (S&P500) e 50% em Bonds Intermediários do Tesouro Americano. Mas Bengen sugeriu que até 75% do mesmo fosse aplicado em ações (o ideal, pelas suas simulações), o que melhoraria a rentabilidade do portfólio e aumentaria a SAFEMAX (visto nos gráficos com 4% e mesmo com 5% de retirada inicial); mas, jamais ter um portfólio com menos do que 50% alocado em ações ou, com mais de 75% em ações logo no início da aposentadoria: "é contraprodutivo".
No artigo, avaliando clientes que já estariam supostamente aposentados há uns 10 ou 15 anos, Bengen os dividiu em 3 grupos: as "Estrelas" (tiveram resultados excepcionais em seus portfólios), os "Asteróides" (conseguiram o que esperavam nos seus rendimentos) e os "Buracos Negros" (tiveram resultados ruins).
Citando um interessante exemplo de cliente "Buraco Negro": um investidor que tivesse se aposentado em 1929, veria seu portfólio afundar "de 500 mil dólares para 200 mil dólares" (60% no exemplo que foi apresentado) em 1932 e se sentiria tentado a proteger o que restou do seu capital, realocando 100% do portfólio em Bonds e zerando as ações. "Mas isso é exatamente a coisa errada a se fazer!", cita Bengen. Essa mudança de alocação faria com que seu capital acabasse em 1946, apenas 17 anos após se aposentar em 1929. Se mantivesse nos 75% em ações / 25% em Bonds, teria 1,7 milhão de dólares em 1992. E se este mesmo cliente tivesse tido a audácia de ao invés de zerar as ações em 1932, ter alocado 100% nas mesmas, teria em 1992 o valor de 42 milhões de dólares. Portanto, é preciso uma visão de longo prazo incomum (clarividência) e coragem (força) por parte do consultor financeiro e do cliente para decidirem alocar 100% em ações, após longos períodos de resultados muito ruins.
A decisão de como será o mix do portfólio é tomada de acordo com o perfil do cliente, pois os mais conservadores tentariam evitar a opção 75% em ações / 25% em Bonds. Os gráficos não mentem, devem ser mostrados e cabe a ele decidir qual é a sua melhor escolha - porém, Bengen reforça no final sua predileção pelos 75% em ações.
Este é um resumo do artigo original Determining Withdrawal Rates Using Historical Data, de onde surgiu a famosa "Regra dos 4%" para a aposentadoria, utilizada por vários consultores financeiros como sendo o padrão ouro na hora de aconselhar clientes quanto ao tamanho do portfólio, composição do mesmo, idade da aposentadoria e valor do saque anual. Ele é citado e usado por muitos, criticado por outros tantos... mas até hoje, nunca foi ignorada ou, jogada por terra.
Nos próximos posts, falaremos mais sobre o debate atual em torno dos estudos de William Bengen, que inclusive revisou e modificou a famosa regra, em artigos posteriores.
Nos próximos posts, falaremos mais sobre o debate atual em torno dos estudos de William Bengen, que inclusive revisou e modificou a famosa regra, em artigos posteriores.
Olá Heavy Metal, Bom Dia!
ResponderExcluirTudo bem aí no Olimpo?
Realmente, é uma regra muito difundida, e a opinião de quem já chegou lá é muito bem vinda!
JA, a regra dos 4% tem já seus 25 anos e até aqui, parece ter seu mérito. Eu ainda não me considero na IF, pois a idéia que tenho de IF é que meu portfólio pague minhas despesas mensais e ainda sobre dinheiro para aportar todos os meses. Em tudo na vida, temos que ter uma baliza, um parâmetro, algo que nos ajude a avaliar se estamos no caminho certo e essa regra teve exatamente esta idéia. Keep it Simple, acho essa mensagem espetacular. Bengen foi científico e extremante objetivo em seus estudos.
ExcluirDevo fazer mais uns 2 posts, seguindo e resumindo o que estou relendo (e vendo novos artigos) sobre a regra dos 4%.
Caramba, que POST completo. Particularmente não conhecia muito bem essa dos 4%, vou precisar ler novamente
ResponderExcluirO AA40 é o “cara” da filosofia FIRE e da regra dos 4%. Eu, sempre fui um acumulador compulsivo. Mas, quando podemos dizer que “enough is enough”? Como saber que “chegamos lá”? Cada pessoa tem gastos, ganho de dinheiro e objetivos de vida diferentes. Inclusive, achei a idéia de trabalhar como “consultor financeiro” muito legal, me “aposentarei” trabalhando nisso, KKKKKKKK
ExcluirShow HM. Ótima revisão bibliográfica da regra dos 4%. Para quem acha que é puro empirismo ai fica para informação. Sempre lembrando que isto foi feito nos EUA com dados de lá. Estamos compilando e fazendo este estudo no Brasil, porém como nosso mercado é jovem, ainda nos faltam muitos anos de dados para fazer estas contas como o Bengen fez.
ResponderExcluirQuem quiser ler a nossa série ai está: https://bit.ly/2Xfczeb
Abcs
Caro AA40, fazer um post destes me custou 5 horas entre organizar as idéias, digitar, corrigir erros, reler o que postei, corrigir detalhes, digitar algo novo que surge já com o texto pronto e no final, publicar (ainda achando que algo faltou, é sempre assim).
ExcluirEu conhecia a regra dos 4%., mas sempre dei mais importância quanto a acumulação inicial do patrimônio. Agora, quase na casa dos 6 milhões, é a hora de definir a hora da minha (auto)FIRE ou da semiaposentadoria, achei que era o momento propício para reler sobre o assunto, refletir, ver o atual debate e postar sobre ele. Agradeço sua visita e principalmente, seu aval, pois sei que estuda e entende bem do assinto.
Legal, ta ficando boa. Se quiser ler um material ainda mais profundo que o meu sobre a TSR (SWR):
Excluirhttps://earlyretirementnow.com/safe-withdrawal-rate-series/
https://www.mrmoneymustache.com/2012/01/13/the-shockingly-simple-math-behind-early-retirement/
https://jlcollinsnh.com/2012/12/07/stocks-part-xiii-withdrawal-rates-how-much-can-i-spend-anyway/
https://personal.vanguard.com/pdf/rpd14.pdf
Assunto*, corrigido.
ExcluirÓtima revisão, HM! Poucos articulistas deixam claro que os 4% são fixados a partir do valor inicial, ao se entrar na fase de retirada, e devem permanecer como referência indefinidamente, ignorando-se as variações momentâneas da carteira.
ResponderExcluirObs.: talvez valha a pena ajustar o nome do autor, William com N no final é uma "inovação" brasileira hehehe
Opa! Corrigido. Na verdade, comecei errado no início do texto, e segui o erro.
ExcluirInclusive, sobre os 4% iniciais, no primeiro ano se você tiver 1 milhão, sacaria a SAFEMAX (saque inicial) de 40 mil reais. No ano seguinte, pegaria este mesmo valor e apenas acrescentaria a inflação do ano anterior sobre ele: se foi de 3%, seria 40 mil + 3% = 41.200,00 reais, independente do valor de seu portfólio atual!
Não é recalculado “4% sobre o patrimônio atual + a inflação”, são apenas os 4% iniciais (os 40k) E somar a inflação do ano anterior. Inclusive, se houver deflação, pelo que li, o saque seria menor, pois seria os 40.000,00 reais - a deflação do período.
E pq não sacar somente os rendimentos?
ResponderExcluirSe vc tem um carteira de 1kk, pode montar uma carteira 20 a 25 fii's e 15 a 20 ações de dividendos. Fazer um acompanhamento trimestral da carteira e retirar só os rendimentos.
Acredito que seja possível, mesmo no momento atual com juros baixos, fii's e ações nas alturas, consegui 5% a.a.
Seriam 50k para cada 1kk investido.
Atualmente estou 100% líquido. Me desfiz da carteira de ações e fii's com uma boa rentabilidade acumulada. Não gosto de cotações recordes. Tenho 35 anos e um horizonte de acumulação de pelo mais 20 anos. Então prefiro neste momento acumular dinheiro na renda fixa mesmo com juros baixos e proteger o lucro que já tive. Acredito que em algum momento nos próximos 5, 6 anos, haverá boas oportunidades de compras, onde poderei montar uma carteira diversificada com yeld acima de 10% como em 2016. Até lá é ir estudando e escolhendo onde investirei.
Se me permite complementar HM, conforme já falamos lá, rendimentos fazem parte do retorno total do investimento. Se vc sacar todos os rendimentos vai acabar mal. Imagina um yield de 10%aa como falou, se sacar tudo não estará repondo inflação e pior, como a maior valorização virá da renda e não do ganho de capital é questão de tempo até deplitar seu capital. Além disso foi provado nos EUA em estudos subsequentes que está estratégia Performa pior que o mercado, vide artigo do big ERN. Abcs
ExcluirAA40, vi o artigo. A estratégia dos 4% está bem explicada como você citou em seu blog no último post lá escrito. O investidor pode optar por retirar primeiro o dinheiro que vem do “YIELD SHIELD” (que é o que falei aqui e o Anon também) e caso isso seja igual ou maior que o SAFEMAX, ótimo. Mas se for menor, complementa com venda de parte dos ativos ou, o investidor pode gastar menos no dia a dia!
ExcluirSó que tudo depende do tamanho do seu patrimônio e de qual é o Yield da sua carteira de investimentos. Suponhamos que seja algo em torno de 7% mais a inflação, então terá gordura de sobra para gastar 5% ao invés de 4%. O que importa no final? Simples: matemática e bom senso. Por isso, sempre falo que pretendo usar da minha carteira um dia para viver, mas que a mesma vai ser herdada, só que para isso eles tem que bater a inflação e ter alguma gordurinha todos os anos.
É claro que se sacar todos os rendimentos mensalmente (não é esta a minha idéia), teremos que (rezar) contar somente com a alta do mercado e ele pode ter um longo período de queda (ou, períodos), afetando em muito o valor principal da carteira. Captei sua mensagem, amado mestre? (KKKKKK, Rolando Lero está vivo!). Por isso, quem decide por conta própria tomar conta do seu dinheiro, precisa estudar o assunto! Por favor, aguardo seu comentário.
Sem contar que o pessoalzito ai investindo tudo em FII achando que eles rendem acima da inflação vão cair do cavalo logo logo. Hoje com inflação baixa se olhar no fiis.com.br maioria não reajustou pela inflação, imagine quando os juros voltarem a subir e a inflação tbm? Yield de FIIs é pior do que NTN-B. Abram o olho
ExcluirCara, não vejo assim não. O que tenho ganhado com FII está bom demais, fora a valorização. Claro, sei que o Yield caiu bem, mas minha carteira é de 2014.
ExcluirCaro Anom, ótimo post!
ResponderExcluirEsta também é uma indagação minha e algo que já venho fazendo desde 2014 (carteira que me pague proventos mensais). A grande diferença que vejo entre a regra do Bengen e sua sugestão (a qual também gosto muito), são dois fatores: estudar o portfólio a ser montado e gerir o mesmo, algo que para muitos seria “trabalhoso” e outros ainda diriam “não entendo de investimentos”. Acredite, a maioria das pessoas se enquadra neste perfil (“não quero me preocupar, estudar o mercado e nem gastar meu tempo com isso”).
Pelo método dos 4%, pelo que entendi seria de maneira passiva como sugeriu Jack Bogle, apesar disso não estar escrito neste artigo original do Bengen (que em artigo posteriormente escrito, incluiu Small Caps no portfólio de ações para aposentadoria). E muita gente aposentada não quer nem saber de mexer com isso, quer é sombra e água fresca. Eu, gosto de tomar conta da minha carteira e não acho isso um fardo, acho é muito legal.
Seu raciocínio é o mesmo de quem compra imóveis para renda: numa hipótese de 2 milhões de reais, comprar 10 apartamentos de 200 mil reais e receber aluguéis dos mesmos. Com os proventos, pode ir acumulando dinheiro e comprar outros imóveis com o passar dos anos. Enquanto isso, os mesmos iriam valorizando e na hora escolhida para a aposentadoria, você poderia usar o dinheiro recebido dos aluguéis (todo ou parte dele) para o que bem entender. Em tese, o “principal” aplicado ao longo dos anos valorizou, mais imóveis foram agregados e este patrimônio seguirá intacto se o dono assim o desejar. Ou, pode vender os imóveis, aplicar na RF e viver desta nova renda. Enfim, cada um escolhe o que achar melhor.
Em tempo: uma hora, vem uma queda da bolsa. Isso é fato.
ExcluirSou o anon que postou aí em cima.
ExcluirEu invisto em ações desde muito novo. Comecei com 19 anos investindo num fundo de ações da vale quando tinha conta universitária no banco real.
São 16 anos de investimento, estudando e acompanhando o mercado. E eu gosto. Então pra mim não é problema algum montar uma carteira e acompanhar seu desempenho.
Hoje eu tenho plena consciência de que tanto a economia quanto o mercado são cíclicos e lucro bom está no bolso. E que há sim muito boas empresas na bolsa, algumas fora do radar e que é nos momentos de baixa que se faz uma boa carteira pra ganhar tanto com valorização quanto com dividendos. Talvez quando estiver mais velho, e não queira mais acompanhar desempenho de carteira, eu faça o que disse acima. Espero um momento bom do mercado e monto uma carteira com boa ações, bons fundamentos, bem diversificada. Uma boa carteira de fii's. E pronto, receber só rendimentos. Mas sempre reavaliando a carteira de tempos em tenpos pq não dá pra abrir mão disso. Quem não quer bem fazer isso, aí é melhor comprar títulos ou imóveis e colocar na mão de corretora, que nesse caso tem que ter milhões pra comprar vários imóveis pra fazer uma renda boa.
Olá, Anon. Se possível, coloque seu nome ou um nick para poder te identificar nos posts. Você está no caminho certo, não existe uma lei dos investimentos. O maluco que apostou 100% em MGLU3, desde o começo, o que você pode falar do cara? Nada. Eu, não teria essa coragem, mas este sujeito está muito melhor do que eu sem dúvida nenhuma. Quem quer IF tem que aprender a cuidar do próprio dinheiro, essa também é minha opinião.
ExcluirE quanto a regra dos 4%, ela é um balizador para a maioria dos investidores. Aquela minoria que tem 50, 100 milhões de reais de investimentos, moram em outra realidade. Podem gastar 1% ao ano, e ainda terão cada vez mais dinheiro se souberem investir.
Eu entendo a regra dos 4%, já li bastante sobre. Não se encaixa na minha realidade pq não pretendo parar de trabalhar e viver do patrimônio acumulado. A minha pretensão é mesmo ter uma renda com dividendos pra engordar minha renda.
ExcluirEu gosto muito da blogosfera, conheço as ideias de frugalidade, minimalismo, fire, etc.
Mas não se aplicam a minha personalidade. Eu sou consumista, gosto de gastar, sair, viajar, etc. O que faço é poupar e investir pra não depender exclusivamente do meu salário.
Entendo, esta é uma opção sua e deve ser respeitada.
ExcluirVocê já leu o livro Die Broke? Estou lendo, KKKKKKK. Bate com o que você está falando, acredite em mim. Só achei a versão em inglês. O autor sugere que nosso último cheque antes de morrer, seja para o agente funerário e que seu cheque esteja sem fundos. Estou gostando da leitura, é uma abordagem diferente da FIRESFERA e dos blogs sobre IF em geral, e também é contra a aposentadoria. Sugiro a leitura, você vai gostar.
HM, obrigado. Foi excelente, mas deixa eu te perguntar uma coisa : transportando isso pra nossa realidade, como poderíamos proceder? Quero dizer : temos bonds (TD) mais bem remunerados, mas temos historicamente uma inflação menos dócil. A chamada retirada inclui os dividendos e aluguéis? Nessa estratégia seria melhor ações pagadoras de dividendos (elétricas, seguradoras, bancos) ou ações de empresa para crescimento (visando no longo prazo valorização das cotas)?
ResponderExcluirAgradeço tecer alguns comentários nessa linha!
Abraços Eduardo
Eduardo, um resuminho que servirá para muita gente que ainda não entendeu a regra dos 4% e para mostrar que ela não é o Santo Graal, mas é quase isso (pela sua simplicidade e disciplina espartana):
ResponderExcluirVocê decidiu se aposentar em DEZ de 2019, tem 5 milhões de reais de portfólio para aposentadoria. Não tem nenhuma renda de outra fonte, OK? Pode ter INSS ou um e-commerce, mas aqui você não terá e optou pela FIRE.
Sua retirada inicial (SAFEMAX) será de 4% sobre 5.000.000,00 = 200.000,00 reais. Para quem tem um portfólio de ETFs de ações e Títulos do Tesouro (como você lembrou, estamos no Brasil e também o portfólio de cada investidor pode ser diferente daquele 50/50% do estudo de Bergen!), Caso os títulos sejam de longo prazo, não há proventos mensais e terão que ser vendidos juntos com parte dos ETFs. Se os TT pagam cupom semestral, de 6 em 6 meses pinga dinheiro na sua conta, mas os ETFs no Brasil não pagam dividendos (ainda). Aqui, você venderia parte do principal obrigatoriamente.
Supondo agora que sua carteira seja de FII, ações individuais que pagam dividendos, ações de crescimento, CRA/CRI/Debêntures e Fundos Multimercado. Você obviamente terá algum dinheiro na conta da corretora no dia do seu pagamento anual de SAFEMAX, visto que tem FII, CRA/CRI/Debêntures e ações que pagam dividendos. Lembrando ainda, que ao longo do ano, tudo que cai na sua conta é REAPLICADO na carteira para gerar juros compostos, algo que quem investe em incide, ETF e Títulos de longo prazo não precisa fazer, pois a reaplicação é automática.
Pois bem, chegou o dia do saque da SAFEMAX e lembrando que este dinheiro tem que durar 12 meses! (nunca se esqueçam disso).
Na sua conta, tem 40 mil reais de proventos diversos. Faltam 160.000,00 reais, que obviamente devem ser sacados da venda de parte do principal. Ou, você pode por decisão sua sacar menos, pois decidiu que vai gastar também menos ou realmente, está gastando menos (filhos crescem e arrumam empregos, você mudou para uma cidade de custo de vida mais barato, etc...).
A outra idéia, como você citou, seria o saque mensal. Aqui, o que muitos questionam, é a perda do uso dos juros compostos pois teoricamente, ocorrerá uma parada da reaplicação do dinheiro todos os meses e para sempre. Claro, sempre tem um “mas”, depende do tamanho do seu patrimônio e de quanto ele rende, de quanto você gasta e de quanto precisa sacar mês a mês. Mas, são muitas variáveis, por isso a regra dos 4% (hoje, 4,5%) é bem mais prática e simples para a maioria aplicar.
Sua pergunta me deu a idéia de um novo post, haja tempo!
Entendi que se tenho 5M posso tirar 200 k ao ano
ExcluirEntendi que esses 200 k se vierem dos dividendos, aluguéis, cupons semestrais dos bonds será o ideal.
Mas... e a reposição do patrimônio com a perda da inflação ?
Veja se o meu raciocínio bate bem :
Teria “direito” de tirar 200 k ao ano, o que para efeitos práticos daria 16,6 k ao mês.
Tirando mensalmente eu perderia um pouco os juros compostos, mas eu tiraria o excedente que precisasse dos rendimentos de dividendos e aluguéis. Assim, minha carteira hipotética de 5M rendendo 0,3% conservadores ao mês me daria 15 k e eu poderia “depredar” meu patrimônio em 1,6 k ao mês.
Ao final do ano, com uma hipotética inflação de 5%, eu deveria repor 1,6 k x 12 meses x 1,005 = 19,3 k
Esses 19,3 k por sua vez poderiam ser “abatidos “ ao longo dos meses onde eu gastasse menos de 16,6 k
O que me faz pensar que : se não quiser me preocupar com mais nada, e conseguir uma vida mais frugal eu poderia aplicar uma estratégia de retirada de 3% e não 4%.
Desta forma, no hipotético patrimônio inicial de 5M, você teria direito a 150 k de retirada ao ano.
Sua carteira rendendo 0,3% apenas te traria os mesmos 15 k ao mês. Mas 150 k ao mês te da “direito” de ter apenas 12,5 k ao mês
Assim, vc aperta mais o cinto, vive com 12,5 k, aplica 2,5 k ao mês e no final do ano com 5% de inflação vc não repõe apenas 19 k mas sim 30 k, o que perpetua o ciclo.
Por fim eu coloco : pra que tantos cálculos? Não seria melhor apenas ver que se sua carteira de 5M rende apenas 0,3% ao mês ela lhe daria 15 k de direito de uso por mês sem depredar o patrimônio e a obrigação de ao final do ano repor os citados 5% de inflação ?
Por isso o estudo do Bengen que tem um perfil passivo e indexado, com ajustes opcionais ao longo do caminho como aportar mais em ações num período de queda forte, é mais prático e muito menos trabalhoso de se aplicar. A reposição da inflação já é esperada com a valorização da sua carteira e reaplicação dos proventos, lembrando que depois de 30 anos (exemplo de tempo mínimo usado no artigo) de mercados bull e bear, pode ter anos com mercado dando 20% de alta e passou de sobra os juros esperados + inflação - mas, tem obviamente as quedas. Só que os gráficos por ele mostrados, não mentem.
ExcluirNão se esqueça que o artigo é de 1994, estamos em 2019. Por isso escrevi este post em partes, senão seria muito grande e cansativo. Assim, fica mais prático entender e explicar o tema proposto e todas as indagações que surgem.
O estudo foi realizado nos Estados Unidos, isso é um detalhe importante, e estamos trazendo para a realidade do Brasil. Eu sinceramente desconheço se existe um estudo brasileiro similar. Tivemos períodos de inflação de 1980 a 1994, que oscilaram dos 95% aos 2477% (acredite). Taxas de juros diferentes também, somente agora o Brasil caminha para taxas de juros baixas, como lá fora.
O valor fixo (4% no estudo original) atualizado pela inflação, não é uma obrigação, é uma regra prática. Você pode optar por sacar 3%, 2%, pois só você sabe o quanto necessita para viver. Um exemplo simples: faleceu o marido ou a esposa, as despesas caem e ainda existem os caso que um deles tem seguro de vida. Ou, as despesas caíram mesmo, pode acontecer.
Sua pergunta final é simples e prática, a resposta não pode ser complicada: depende do perfil do portfólio e de gastos de cada um. Lembrando ainda que há que quem queira morrer com zero de dinheiro no caixa. No estudo do Bengen, os clientes acharam que 3% era pouco valor, mas os gráficos mostram resultados excepcionais. Tudo é equilíbrio.
HM teu caso é muito simples, tem 5M, 4% disso é 16.6k mes. Pode sacar isso da onde quiser e viver sussa. Reinveste o resto e babela, vai tocar rock dia todo
ExcluirKkkkkkk, ótima dica! Mas vou chegar em breve nos 6 milhões, pros 7 é logo ali.
ExcluirQuanto a parte das ações, um mix das duas. O próprio Bengen (ainda vou postar sobre isso) incluiu Small Caps np portfólio em artigo ulterior a este.
ResponderExcluirMais um excelente post meu amigo HM.
ResponderExcluirVocê já está apto a lançar e-books financeiros!
Fico no aguardo do próximo texto tão ansioso quanto fico para a espera da “reprisão” do molusco e da destituição do STF...
E essa última agora do Dias Toffoli?! Fala sério! Arrogância que não cabe na escassa capacidade que possui. É lamentável
Vivemos a ditadura do judiciário, GM. E esses canalhas ainda falam em ditadura militar. O STF me enoja.
ExcluirJá li sobre essa regra dos 4% e me parece ser um ótimo balizador. Tenho baseado minha estratégia nela.
ResponderExcluirOlá, ZB! Post número 2 já está sendo escrito. E tem muita coisa legal, acredite.
ResponderExcluirComprei PIBB11 lá em 2005 na estreia e cometi umas cagadas na crise mas ainda invisto nele e estou me balizando nesta regra ai. Inclusive pedi um estudo ao aa40 vamos ver se ele faz. Nao escutei ninguem dizer que investe só em etfs por aqui ainda entao quero ver o que voceis me dizem
ResponderExcluirEsse assunto parece episódios do Lost, não terminam nunca 😂. Realmente são muitas variáveis para se decidir como utilizar seu dinheiro após aposentadoria. São investimentos diferentes, moedas diferentes, gastos diferentes mas a inflação é a grande vilã em todos os cenários. Show de bola esse estudo aí.
ResponderExcluirBP, fora um estudo que li comparando países e a aplicação da Safemax em cada um. No Japão, seria de menos de 0,5%!.
ExcluirMas, hoje vivemos num mundo globalizado, posso morar no Japão e investir nos EUA. Variável é o que não falta.