HEAVY METAL Investidor: Valuation
Mostrando postagens com marcador Valuation. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Valuation. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Empresas brasileiras estão recomprando suas ações: isso nos interessa?

 Nas últimas semanas, principalmente após a "socada" que o IBOV tomou indo aos 47.793,50 pontos no dia 08/08/2011, algumas boas empresas brasileiras anunciaram ao mercado a "recompra" de suas ações. Vejamos alguns anúncios:

1- "São Paulo – A Hypermarcas (HYPE3) anunciou na noite de domingo (14) que irá recomprar até 9,5% das suas ações em circulação no mercado em até um ano, mostra comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

 Os recursos serão debitados das contas de reserva de capital disponíveis. Os papéis serão mantidas em tesouraria para cancelamento ou posterior alienação. As ações poderão, ainda, ser utilizadas para o programa de opção de compra de ações da companhia.

As instituições financeiras que intermediarão as operações ainda não foram definidas. Além da recompra das ações no mercado à vista, o Conselho de Administração aprovou a negociação dos papéis por meio da aquisição de opções de compra (calls) e o lançamento de opções de venda (puts). O prazo para a negociação das opções é de 180 dias.

Os papéis da fabricante de bens de consumo acumulam uma desvalorização de 50% em 2011."



2- "SÃO PAULO (Reuters) - A Vale informou que o conselho de administração da companhia aprovou nesta quinta-feira a proposta da diretoria executiva de criar um programa de recompra de ações de até 3 bilhões de dólares. O programa prevê recompra de ações ordinárias e preferenciais classe A de emissão da Vale e de seus respectivos ADRs (American Depositary Receipts).

 As ações recompradas serão canceladas após o término do período de recompra.

 O programa compreende a recompra de até 84.814.902 ações ordinárias e 102.231.122 ações preferenciais, correspondentes até 5,9 por cento do número total de ações em circulação (free float), com base na posição acionária de 31 de maio, segundo nota ao mercado. O programa vai até 25 de novembro de 2011."

(Por Roberto Samora)



3- "GP Investments pretende recomprar até 12,2 milhões de ações. O GP Investments, maior fundo de private-equity da América Latina, disse que pretende recomprar até 12,2 milhões de ações Classe A até o dia 15 de agosto de 2012, segundo comunicado enviado ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM)."



4- "15 de agosto de 2011 - A Telesp divulgou que irá recomprar ações da própria companhia para permanência em tesouraria e posterior alienação ou cancelamento, sem redução do capital social, para fins de incrementar o valor aos acionistas.

 A recompra será efetuada mediante a utilização de parte da reserva de capital existente em 30 de junho de 2011, permanecendo em vigor até 20 de outubro de 2011, sendo as aquisições realizadas na BM&FBovespa, a preços de mercado e cabendo à diretoria decidir o momento e a quantidade de ações a serem adquiridas, seja em uma única operação, seja em uma série de operações, dentro dos limites legais.

 No entanto, a quantidade de ações a serem adquiridas até o máximo de 2.900 milhões ações ordinárias, que correspondem a menos de 10% das ações em circulação até hoje.

(Redação - www.ultimoinstante.com.br)
"


5- "SÃO PAULO (Reuters) - Um cenário de aumento da competição no mercado doméstico atrelado a uma alta no custo de combustível fez a Gol encerrar o segundo trimestre com um prejuízo quase sete vezes maior ante o mesmo período de 2010. A segunda maior companhia aérea do país teve prejuízo líquido de 358,7 milhões de reais, contra resultado negativo um ano antes de 51,9 milhões e lucro líquido no primeiro trimestre de 110,5 milhões.

 A companhia, que no final de junho cortou drasticamente a previsão de margem de lucro operacional em 2011, anunciou ainda um programa de recompra de até 10 por cento de suas ações preferenciais. No ano até o final de julho, os papéis da empresa acumularam desvalorização de 51,8 por cento.

 "Essa iniciativa tem como objetivo maximizar a criação de valor para os acionistas em razão da cotação atual das ações da companhia no mercado", afirmou a Gol no anúncio da recompra, que é válida por um ano a partir desta sexta-feira. Segundo o preço de fechamento da ação na véspera, de 10,34 reais, a empresa pode gastar cerca até 98,16 milhões de reais.

 Diante do resultado negativo e sinais de que o custo com combustível continuará alto, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Jr., afirma no balanço que a empresa tomou medidas para cortes de custos que devem ter impacto completo no final de 2012. 

 "Após a implantação de todas as iniciativas em curso, estima-se uma redução de cerca de 650 milhões de reais de despesas (...) Com as medidas em implementação, a companhia deverá voltar a dar retorno adequado aos seus acionistas, já em 2012", afirma o executivo..."

 Agora muitos podem estar intrigados com toda esta "recompra de ações" por nossas empresas, que tem o capital aberto na BOVESPA. Qual a razão da recompra? Simples: nossas ações estão baratas, ao ponto dos próprios acionistas majoritários das empresas acima citadas terem em mãos a chance de diminuir o número de acionistas minóritários, de passar a dividir menos lucros com estes, por isso "recompram" as ações do mercado. E isso está sendo feito com dinheiro que as empresas tem EM CAIXA! Pensem nisso antes de sairem vendendo suas ações. Nada impede do mercado cair mais, ATENÇÃO!!! 

 Mas caso isso ocorra, acreditem, mais e mais empresas brasileiras sairão a mercado recomprando suas ações (com o dinheiro do lucro excepcional que as mesmas vem apresentando).

 O raciocínio é simples: você é sócio do Paul Di`Anno, um vocalista porralouka (mas muito bom) e junta-se com mais dois guitarristas e um baixista (você na bateria) e montam uma banda de Heavy Metal. Essa banda em 4 anos "explode" nas rádios e shows pelo Brasil. Surgem gravadoras atrás de vocês e ofertas para shows internacionais, inclusive com bandas já famosas. O nome da banda, a princípio, seria "WARRIORS OF VALUATION". Mas, por algum motivo, você e o Paul, após gravarem dois discos junto com a banda WV não acreditam muito no futuro da mesma... o guitarrista principal é muito certinho e o baixista gosta de escrever as letras!!!

 Reunem-se e o pau quebra: ambos decidem sair da banda, Paul muito doido e você chateado (que achou o segundo disco uma porcaria, mas esta é a sua opinião...), mas acreditando que fez um grande negócio... "a banda vai acabar logo" - diz Paul.

 Os outros 3 metaleiros compram as cotas de vocês neste momento de crise, discórdia, confusão, notícias ruins sobre o mercado de música global ("Heavy Metal está em decadência, coisa passageira..."). E nos 3 anos seguintes a banda WV simplesmente decola... até o novo vocalista contratado literalmente voa: é piloto de aviões comerciais!!! Um negócio que para você e o Paul não estava bom, mas para os demais era a oportunidade de crescer e ficarem livres de alguns sócios. Fiz apenas uma analogia, mas é assim "que a banda toca...". 



 
"Die With Your Boots On!!!"





 


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Bolsa está DESPENCANDO!!!! Isso é bom ou ruim?

 "Sei que não é fácil a vida de investidor em renda variável: o sobe e desce dos preços das ações pode dar enjôo e vertigens aos que não estamos acostumados com a volatilidade. Ver uma ação cair 20%, 30%... quem disser que não se incomoda, mente. Por isso é que serve o velho ditado de "não se colocar os ovos todos no mesmo cesto", ou melhor dizendo, faça o "Asset Allocation" em seu portfólio. Jamais, nunca, nem pense em colocar todo o seu dinheiro apenas em ações - e todo ele em uma só empresa (PIOR AINDA!!!). Já fiz isso em PETR4 e até hoje peno por isso. É loucura (talvez burrice fosse a melhor palavra. BURRICE FINANCEIRA).
 Mas aí vai a pergunta: vale a pena ficar acompanhando a bolsa todos os dias? Bom, se você faz isso de forma tranquila, rápida e sem passar horas do seu dia ocupando seu precioso tempo vendo a tela do computador, igual cachorro em porta de açougue (vulgo "televisão de cachorro"), não vejo problema. Mas para quem faz isso de forma compulsiva, por horas a fio todos os dias, atrapalhando sua vida pessoal e até seu trabalho deve o mais rápido possível repensar no que está fazendo. A saúde pode começar a ficar em risco, e muito.

 Do lado financeiro, considerando que você é um investidor tranquilo e não um viciado em Bolsa de Valores: o que fazer? Comprar mais ações e fazer preço médio para baixo? Realizar prejuízo? A resposta aqui já não é tão simples. Isso depende:

1- Que ação você comprou?
2- A que preço comprou (comprou "topo"?).
3- A empresa está falindo?
4- Quando vai precisar deste dinheiro?

 A soma destas respostas pode ser um guia para cada um de nós, investidores.

 Se comprou um "MICO", uma ação de quinta linha, esqueça recuperar seu prejuízo. Surfaram a onda do lucro e você comprou o Mico, agora ele é seu e ninguém quer comprar de você pelo preço que pagou. Talvez, pode ser, um dia... este Mico pode subir ou voltar ao seu preço. Mas isso pode levar anos ou mesmo NUNCA acontecer. Até PETR4 que era chamada de "Blue Chip" está micada desde 2009!!! Isso graças ao ilustre e magnífico governo Petista (ou Petralhista) que em um só golpe deu uma pernada de 30% nos acionistas minoritários, aumentou sua participação na empresa em muito e NÃO COLOCOU UM CENTAVO de dinheiro seu na operação citada. Vai pagar com a "possível futura produção do Pré-Sal" - sabe Deus quando...

 Mas se você comprou ação de uma empresa bem administrada, que paga bons dividendos e que continua lucrativa, eis a chance de comprar ações com desconto. Nunca esqueça a máxima: "Seja covarde quando todos são corajosos e corajoso quando todos forem covardes".  

 Buffett tem uma frase a ele creditada que resume este espírito:  

"A volatilidade dos mercados é a maior aliada do verdadeiro investidor". 

Nas quedas é que surgem as reais oportunidades de se comprar boas empresas com bons preços; comprar uma ação sem uma margem de desconto em seu preço é correr risco certo. A empresa era boa há 6 meses atrás e continua do mesmo jeito, mas há 6 meses sua ação custava 30 reais e hoje custa 15 reais. Qual foi a melhor compra? Por 30 ou por 15 reais? 

 O preço nada tem a ver com o valor da empresa, exceto quando ele está descontado! Por isso, alguns estudiosos do assunto "investimento" recomendam as compras parceladas dos ativos para se evitar uma compra "cara", fazendo assim um preço médio. Mas fiquem atentos: as grandes quedas existem e é nestas horas que se deve ter coragem de comprar de forma mais agressiva as ações das empresas lucrativas, bem administradas e que paguem bons dividendos."


 Caros amigos: este post estava salvo como "rascunho" no meu Blog, eu o escrevi em 16/06/2011 mas não havia publicado ainda (não sei o motivo, sinceramente). Revendo os dados do IBOV, em 16/06/2011 o índice fechou em 60.880 pontos e hoje ele caiu 9,75% fechando negativo em -8,08%, nos 48.668 pontos... Nada é por acaso e eu já notava uma "nuvem negra" de notícias na ecomomia mundial - eram de domínio público. Mesmo assim, não vendi nada e sigo comprando na atual LIQUIDAÇÃO de BOAS EMPRESAS BRASILEIRAS. VALE5 com P/L abaixo de (absurdos) 5,0... dividendos indo nas alturas com as quedas dos preços das ações. Sempre pode piorar, lembrem-se disso. Mas, repito: hora de semear. Teremos a hora de colher, tenham paciência e façam boas escolhas.

 
"Refuse, Resist!!!"

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ações que estão custando 7 vezes menos que seu Lucro Líquido

Matéria de hoje, da Exame.com. Leiam com carinho: 

 São Paulo – A queda da Bovespa nas últimas semanas tem assustado muitos investidores. Mas, segundo analistas e consultores financeiros, quem tem dinheiro, pode deixá-lo aplicado durante alguns anos, não se importa com eventuais quedas de curto prazo e só planeja colher os lucros proporcionais ao risco assumido no longo prazo não só deve continuar na bolsa como pode aproveitar para comprar mais ações a preços atrativos. Mas quais seriam os papéis mais baratos da bolsa neste momento? A verdade é que existem milhares de métodos para calcular o preço justo de uma ação. Abaixo, EXAME.com apresenta a lista de papéis que seriam considerados atraentes pelo método desenvolvido por Benjamin Graham, considerado o maior guru de Warren Buffett e também o pai da profissão de analista de investimentos.

 Morto há mais de 35 anos, Graham costumava defender uma fórmula bastante simples – mas comprovadamente bem-sucedida - de negociar ações que lhe permitiu fazer fortuna na bolsa. O analista apostava que comprar uma cesta de ações de empresas negociadas por um valor inferior a 7 vezes o lucro líquido registrado nos últimos 12 meses era uma excelente forma de ganhar dinheiro no longo prazo. Com a Bovespa sendo negociada a um múltiplo de preço/lucro atualmente próximo a 9, a lógica é que qualquer ação negociada abaixo de 7 teria um valor que pode ser considerado atrativo.

 EXAME.com consultou a base de dados da consultoria Economática e encontrou, somente dentro do universo de 61 ações do Ibovespa, 11 empresas que estão sendo negociadas por um valor equivalente a menos do que sete vezes o lucro anual:


 Outra forma de comprar ações baratas era, segundo Graham, escolher os papéis que estivessem cotados a cerca de dois terços do valor patrimonial e depois colocá-los à venda quando alcançassem um valor semelhante ao do patrimônio. Como o valor patrimonial indica qual seria o preço de uma empresa caso todos seus bens fossem vendidos pelo valor contábil, o racional por trás desse método é que os investidores estariam diante de uma chance de comprar ações de uma empresa com um desconto em relação ao que poderia ser considerado justo. Segundo a Economática, 13 empresas do Ibovespa atendem a esse quesito:


 Segundos especialistas em finanças ouvidos por EXAME, considerar múltiplos como o preço/lucro e o preço/valor patrimonial continuam até hoje a ser duas das formas mais usadas para medir se o valor de uma ação é alto, baixo ou justo. O fato de uma ação estar barata não significa que ela vai subir mais que as outras e nem mesmo que ela vai subir. A decisão de compra ou venda deve ser tomada com uma análise bem mais complexa, que envolve dezenas de outros indicadores.

 Segundo Andre Massaro, sócio da consultoria MoneyFit, o trabalho do analista de investimentos atualmente consiste em avaliar as condições da economia brasileira e mundial, as perspectivas de crescimento do setor em que uma empresa está inserida nos próximos anos e também os fundamentos da empresa em si (como o endividamento, a capacidade de geração de caixa, o tempo de maturação dos investimentos, o custo de capital, os contratos que estão sendo fechados, o impacto de eventuais mudanças de regras definidas pelo governo e muitos outros). “Um analista profissional conhece a fundo uma empresa, se relaciona com os executivos da companhia e se mantém muito bem informado sobre o que está acontecendo lá dentro”, afirma.

 O professor Ricardo Almeida, do Insper, concorda que a avaliação de múltiplos em que uma ação está sendo negociada é muito importante, mas usa as ações da Vale para exemplificar como o trabalho do analista é mais complexo. “A Vale está sendo negociada por um preço equivalente a 6 vezes o lucro neste ano, o que pode ser considerado uma oportunidade. Mas cabe ao investidor refletir se a ação pode subir mesmo com uma maior interferência do governo sobre a empresa, mesmo se a mineradora levar a cabo projetos siderúrgicos menos rentáveis e mesmo se os problemas da economia global levarem a uma desaceleração da China ou a uma queda dos preços do minério de ferro”, afirma.
 
 Um olhar técnico sobre os indicadores também pode ser imprescindível para o investidor obter a rentabilidade desejada. Andre Massaro afirma que o fato de uma ação estar sendo negociada por menos que seu valor patrimonial pode ser bom ou ruim. “Pode ser tanto uma ação barata quanto uma empresa prestes a quebrar”, afirma. Por esse motivo, na lista acima, EXAME.com considerou apenas as ações do Ibovespa, o principal índice da bolsa paulista e que costuma reunir empresas com boa liquidez e valor reconhecido no mercado.

 Ricardo Almeida, do Insper, faz outra ressalva importante que vale para o múltiplo preço/valor patrimonial. O indicador serve para avaliar empresas do setor industrial, mas não tem muita relevância na análise de negócios pré-operacionais ou de empresas de serviços. As ações da Cielo e da Redecard, por exemplo, estão entre as maiores altas do Ibovespa neste ano apesar de também terem o segundo e o terceiro maiores múltiplos de preço/valor patrimonial (18 e 13,4, respectivamente). “Essas empresas não precisam investir pesadamente em máquinas, imóveis ou equipamentos e, por isso, têm um valor patrimonial baixo. O preço delas reflete o capital humano, que não tem valor contábil”, afirma.

 Outro exemplo de preço/valor patrimonial que não quer dizer muito coisa é o da Petrobras, que está em 1. Após a oferta pública de ações em que captou quase 120 bilhões de reais no ano passado, a empresa inchou seu valor patrimonial. Boa parte do dinheiro captado foi usado na compra de direitos de exploração de 5 bilhões de barris de petróleo no pré-sal, numa operação que na época ficou conhecida como “cessão onerosa”. O problema é que ninguém sabe se realmente esse petróleo será retirado do fundo do mar e gerará ganhos futuros para o acionista. “Para fazer uma análise correta, eu acho que seria necessário subtrair isso do valor patrimonial”, afirma.

 O conselho que o professor dá ao investidor pessoa física é procurar o analista de sua corretora e perguntar se não há fatores importantes que possam ter deixado o preço de uma ação artificialmente interessante nas listas acima.

Gilberto Braga, professor do Ibmec, faz uma última ressalva. Por mais que os múltiplos de várias empresas brasileiras pareçam atrativos neste momento, se a bolsa continuar a ser prejudicada pelo alto endividamento dos Estados Unidos e da Europa, o investidor precisará ter bastante sangue frio para suportar eventuais desvalorizações ainda maiores no preço das ações. “O próprio ministro Guido Mantega já falou que o problema europeu e americano deve levar três anos para ser resolvido. Então não é uma boa ideia comprar ações agora se o investidor tiver um horizonte de lucro de curto prazo e não puder deixar o dinheiro aplicado por ao menos três anos.”


"Time To Buy and Hold"
 

domingo, 29 de maio de 2011

Você consegue "ver através dos lucros"?

 Texto retirado de uma dica do site "Ação e Reação", gostei muito do tema abordado e sua simplicidade não deve ser confundida com ineficácia.

"Meu Buffetismo Preferido"

 "Parece que todos os investidores em valor têm o seu conceito ou idéia preferida dentre os ensinamentos pregados por Warren Buffet. O meu é ver “através os lucros” ("look-through earnings") de uma carteira. Veja a sua carteira pela “ótica através dos lucros” e saiba o que, exatamente, está indo para o seu bolso.

Fonte: http://www.fool.com/news/commentary/2003/commentary030424.htm?

Por Zeke Ashton

Tradução e adaptação: SER

24 de abril de 2003

De vez em quando,  gosto de tirar uma tarde longe das minha pesquisas de ações, sentar-me em uma poltrona bem confortável, desencavar a minha coleção de antigos relatórios anuais da Berkshire Hathaway (NYSE: BRK.A) e começar a ler.

Mesmo que eu tenha lido, pelo menos umas cinco vezes, todos relatórios anuais de 1977 até hoje, toda vez que faço uma nova leitura me concentro em alguma coisa diferente que ajuda a me tornar um investidor melhor.  Parece que cada investidor em valor tem o seu “Buffetismo” preferido - alguma idéia ou conceito que Warren Buffet tenha descrito em seus ensinamentos ao longo destes mais de quarenta anos de investimentos.

O meu “Buffetismo” preferido é um conceito que julgo ser extremamente valioso na administração de carteiras. A idéia de Ver Através dos Lucros, que Buffet apresentou pela primeira vez em sua carta aos acionistas de 1990, aonde ele explica como faz a avaliação da polpuda carteira da Berkshire. Mas foi só na apresentação de 1991 que ele encorajou seus leitores a utilizar este conceito em seus próprios investimentos. Aqui está um extrato da carta:

 Nós acreditamos que os investidores também possam se beneficiar concentrando-se na “visão através dos lucros”. Para calcular isso, ele deve obter os lucros por ação de cada papel da sua carteira e depois somá-los. O objetivo de cada investidor deveria ser criar uma carteira (na verdade, “uma companhia”) que irá propiciá-lo a maior “visão através dos lucros” daqui a dez anos ou mais. Enxergar sua carteira nessa ótica irá forçar o investidor a pensar sobre as perspectivas de longo-prazo do negócio ao invés das perspectivas de curto-prazo da Bolsa, uma abordagem que deverá melhorar seus resultados.

 É claro que, no longo-prazo, o placar para as decisões de investimento é o preço de mercado. Só que preços são determinados por lucros futuros. Em investimentos, da mesma forma que no basebol, para aumentar o número no mostrador a gente deve olhar para dentro do gramado, e não para o placar.

Aplicando o conceito da “visão através dos lucros”


 Aplicar o conceito da “visão através dos lucros” na sua própria carteira é um coisa relativamente simples e você verá que os resultados irão surpreende-lo. Em primeiro lugar, esqueça que a sua carteira é constituída de um monte de ações que não possuem qualquer relação uma com as outras. Ao invés disto, imagine que você está dirigindo uma holding, e que cada ação representa uma “unidade de negócio” do seu próprio conglomerado. Vamos supor que você possua a seguinte carteira:
 Dados de 20/08/2004


 Como você pode ver, o valor de mercado do seu pequeno conglomerado é de $16.080,00. O segundo passo é olhar através do potencial de lucros dessas ações. Usando o lucro por ação do final do ano de 2003 para todas as companhias, descrevemos a “visão dos lucros” da carteira:

 E agora, o que fazer com isso? Este cálculo pode lhe dizer quanto você está pagando pelas companhias da sua carteira em função da sua capacidade de gerar lucros, em termos médios ponderados.

 Nesse caso, nosso investidor imaginário estaria pagando R$ 16.080,00 por uma cesta de ações que demonstraram um potencial de lucros de R$ 1.931,92. Isto equivale a um índice P/L de 8,3 que não é tão ruim assim, comparado com o P/L do Índice Ibovespa de  18,4, de acordo com o site Lafis.

 Como as companhias nessa carteira representam “O filé” do Bovespa, pegar o pacote acima com desconto de mais de 50% em relação ao índice me parece um bom negócio. Olhando de outra forma, a carteira acima tem um “Earnings Yeld” (NT- Lucro/Preço, o inverso do P/L) de 11,9%, sob a “ótica através do lucros”,  contra um de 5,5% do Ibovespa, como um todo. É claro que a nossa carteira recebeu um peso maior em função da Magnesita, mas a informação não é menos valiosa por causa disso. A maioria dos investidores individuais tendem a ter uma ou duas ações que dominam a sua carteira, e a “visão através dos lucros” ajuda a identificá-las.

Eu aconselho a vocês fazerem com as suas carteiras o exercício acima. Se você pensa como eu, ficará bastante surpreso com o resultado. Na primeira vez que eu fiz esse exercício, descobri que estava pagando um P/L de 50x sob a ótica da “visão através dos lucros”. E eu que ainda pensava que era um investidor em valor! Quando dei por mim, tinha naquela época na minha carteira: um par de ações no setor de biotecnologia, uma ou duas outras companhias que não apresentavam lucros, e uma ação com P/L maior que 100x !  E olha que nem era necessário possuir muitas ações desse tipo para obter números estapafúrdios no resultado. Definitivamente, foi excelente para mim ver o efeito que duas ações “especulativas” podem exercer sobre uma carteira sob a ótica  da “visão através dos lucros”.

Um amigo meu que gosta de investir em ações de tecnologia “emergentes”, descobriu que tinha uma carteira com um “Earnigs Yeld” negativo, o que significa que, como um todo, sua carteira gerava prejuízo, durante o ano passado, e que suas “unidades de negócio” queimavam dinheiro ao invés de produzi-lo. Isto, provavelmente, não é uma boa coisa.

Na outra ponta, os investidores em valor radicais podem querer construir uma carteira com um P/L médio ponderado de menos de 10, assumindo que estas companhias, como um todo, continuarão a manter seu potencial lucrativo no futuro.

Visão através dos dividendos, fluxo de caixa livre, e outras idéias legais


Uma vez que você tenha pego a idéia, é muito fácil calcular uma série de outras medidas na sua carteira. Por exemplo, eu calculei a "Visão através do Dividend Yeld" em nossa carteira modelo:


 Como você pode ver, com essa carteira, nós teríamos recebido R$ 721,26 de dividendos o ano passado, o que equivale a um “Dividend Yeld” de 4,5% sobre o valor de mercado de R$ 16.080,00. 

 Eu pessoalmente gosto de usar o fluxo de caixa livre como meu método de “olhar através” favorito, e costumo certificar-me que o meu fluxo de caixa livre médio ponderado seja baixo o suficiente de forma a manter meu cash flow yeld  próximo de um retorno anual razoável. Você poderá querer fazer uma análise sob a ótica do “olhar através” usando as estimativas de lucro ou de fluxo de caixa para o ano seguinte, para cada uma das ações de sua carteira, ou estender o conceito para o Balanço Patrimonial. Por exemplo, você tem alguma idéia da média ponderada da sua carteira em termos de caixa/dívidas ou dívidas/PL? Isso pode ser bem interessante.

 O conceito de “olhar através” é extremamente útil. Eu acredito que você aprenderá muito sobre a sua carteira brincando com algumas das idéias apresentadas aqui, e também terá uma idéia muito melhor daquilo que você realmente tem no bolso".



 Zeke Ashton tem sido um contribuinte do Motley Fool a muito tempo,e é sócio administrador do do Centaur Capital Partners, LP, uma firma de administração de recursos no Texas. Por favor mande o seu feedback para zashton@centaurcapital.com. 
   
 Baseado neste texto, avaliando somente as ações que possuo:
1- O atual P/L da Carteira HM é de 7,77.
2- O atual Dividend Yield da Carteira HM é de 9,69%.

 Fiquei feliz com meu atual PL e DY na Carteira HM. Minha meta agora, se possível é aumentar o DY da carteira e diminuir seu PL. Isso significa: muito estudo e muito trabalho pela frente ainda. Acredito que, com uma alta de PETR4 que hoje ainda é mais de 40% da minha carteira, vendo grande parte da mesma e realoco em outros ativos com melhores fundamentos. Sugiro aos leitores que façam este simples teste aqui citado em suas carteiras e vejam os seus próprios resultados. 


segunda-feira, 28 de março de 2011

O P/L e seu uso como PEG e YPEG

Avaliações baseadas no Lucro

Lucros por ação e o Índice P/L

 A forma mais comum de se avaliar uma companhia é através dos lucros. O lucro, ou lucro líquido, é o dinheiro em potencial que sobra depois da companhia pagar toda suas contas. Para comparar “maçãs-com-maçãs”, a maiorias das pessoas que procuram por lucros os avaliam na forma de lucro por ação ou LPA ("Earning Per Share", em inglês). 

 Para chegar ao valor de lucro por ação simplesmente divida o lucro da companhia pelo número de ações existentes; assim, se a companhia "ABC" possui um milhão de ações e conseguiu lucrar um milhão de reais nos últimos 12 meses, ela possui um lucro por ação passado (trailing” EPS) de 1,00 real. É chamado de “trailing” EPS porque considera os últimos quatro trimestres publicados – os três trimestres anteriores ao trimestre mais recentemente publicado.

  1.000.000,00 de reais
 --------------------------------- = 1,00 real de lucro por ação (LPA ou EPS)
   1.000.000 ações
 
 Os lucros por ação sozinhos não têm qualquer significado. A maioria dos investidores procura olhar para o lucro por ação em relação ao seu preço, empregando o Índice Preço/Lucro (P/L). O índice P/L pega o preço da ação e o divide pelo lucro por ação dos quarto últimos trimestres. Por exemplo, se a nossa companhia "ABC" estivesse sendo vendida por 15,00 reais por ação teria um P/L de 15.
  
 Preço por ação de 15,00 reais
------------------------------------   =  P/L 15
 1,00 real em LPA

P/L é o Cálice Sagrado?

 Existe uma grande quantidade de investidores que param de analisar um papel depois de  descobrir seu índice P/L. Sem nem querer olhar para qualquer outra forma de “Valuation”, esse grupo de investidores pula fora do ativo cegamente, armados apenas com um único índice, ignorando totalmente a vastidão de formas que constituem a análise fundamentalista. Popularizado por Ben Graham (que usa uma série de outras técnicas além do P/L baixo para encontrar valor), o índice P/L tem sido simplificado demais por aqueles que olham apenas para esse número. Esse tipo de investidor procura por ações de “baixo P/L”, que são companhias que possuem um preço muito baixo em relação aos seus lucros passados.

 Também chamado de “múltiplo”, o P/L tem sido mais comumente empregado em comparação com a taxa de crescimento de lucros por ação. Assumimos que uma companhia está próxima de seu preço justo quando o índice P/L é igual à taxa de crescimento de lucros por ação.

 No exemplo da Companhia "ABC", descobrimos que a companhia tem conseguido fazer crescer seus lucros a uma taxa de 13% ao ano, sugerindo que a um P/L de 15, a companhia esteja muito próxima de seu preço justo. Bons investidores acreditam que o Índice P/L só faz sentido quando empregado comparativamente com a taxa de crescimento de lucros. Se uma companhia perdeu dinheiro no último ano, ou sofreu um decréscimo em lucros por ação nos últimos 12 meses, o P/L se torna menos útil do que outros métodos de avaliação. No final, o índice P/L não deve ser visto isoladamente, mas sim dentro do contexto do crescimento para evitar que venhamos incorrer em erros.

Ações com baixo P/L são realmente baratas?

 Com o advento de filtros computadorizados (“screening”) e de bancos de dados de ações, encontrar ações com P/L baixo tem sido cada vez mais difícil. Quando Ben Graham formulou muitos dos seus princípios de investimento, as pessoas tinham que procurar manualmente por centenas de tabelas de ações para localizar papéis com P/Ls baixos. Hoje em dia, tudo que você tem que fazer é apertar alguns botões de um banco de dados on-line para obter uma lista do tamanho dos seus braços.
 Os filtros aumentaram a eficiência do Mercado. Hoje em dia, quando você vê uma ação com P/L baixo, mais do que nunca, elas devem estar merecendo um P/L baixo porquê suas perspectivas futuras são questionáveis. Um investidor inteligente avalia uma companhia baseado nas suas perspectivas futuras e não na sua performance passada, ações com baixo P/L normalmente possuem nuvens negras circulando seu futuro. Isso não quer dizer que você não consiga encontrar ações espetaculares com P/L baixo, que o Mercado não reconheceu ainda – você pode, e acontece toda hora. O que você necessita é confirmar o valor existente nessas companhias aplicando outras técnicas de avaliação.

O PEG e o YPEG

 O uso mais comum do P/L é o "PEG", (P/E and growth ratio – ou seja, P/L dividido pela taxa de crescimento de lucros) e o "YPEG", (P/L estimado para o próximo período dividido pela taxa de crescimento de lucros). 

 O PEG simplesmente pega a taxa estimada de crescimento de lucro ao ano e compara com o preço da ação no mercado. Uma vez que é o lucro futuro que faz uma companhia ter valor para um comprador ou acionista, procurando por dividendos ou fluxo de caixa livre para recompra de ações no mercado, o resultado acaba sendo intuitivo. Olhar apenas para o P/L passado é como dirigir olhando para o retrovisor.

Se é esperado que uma companhia venha a crescer 10% ao ano pelos próximos 2 anos e ela possui um P/L de 10, então terá um PEG de 1,0.

         P/L de 10
 ---------------------------------     =   PEG 1,0 
 Crescimento de 10% em LPA 


 Um PEG de 1,0 sugere que a companhia esteja avaliada justamente. Se a companhia no exemplo acima apresentasse um P/L de 5, mas fosse esperada crescer 10% ao ano, teria um PEG de 0,5 – indicando que estaria sendo vendida pela metade (50%) do seu preço justo. Se a companhia apresentasse um PEG de 2,0, estaria sendo vendida pelo dobro do que vale, considerando-se que o P/L deva ser igual a  taxa de crescimento de lucro por ação (LPA ou EPS).

 Enquanto o PEG é mais empregado em companhias de crescimento (growth companies), o "YPEG" é mais utilizado para avaliar companhias grandes, e bem estabelecidas. O YPEG utiliza as mesmas premissas do PEG, mas procura em números diferentes. Como a maioria das corretoras estima a taxa de crescimento para 5 anos, ele é uma estimativa do múltiplo justo para uma companhia no futuro. Assim, se o P/L atual de uma companhia é de 10, mas os analistas esperam que a companhia cresça 20% nos próximos 5 anos, YPEG é igual a 0.5 e a companhia parece estar barata de acordo com essa medida. Como de praxe, devemos olhar o PEG e o YPEG juntos de outras medidas de valor e não considerá-lo como uma máquina mágica de fazer dinheiro.

Múltiplos 

 Embora o PEG e o YPEG sejam úteis, ambos supõem que o 
P/L deva se igualar à taxa de crescimento de lucros por ação. Infelizmente, no mundo real não é sempre assim que as coisas acontecem. Muitos apenas olham para a projeção de lucros futuros e estimam que múltiplo justo alguém estaria disposto a pagar pelo papel. Por exemplo, se a companhia  "ABC" fosse vendida historicamente a 10x seus lucros e estivesse sendo vendida atualmente por 7x porquê ficou abaixo das estimativas dos analistas naquele único trimestre, seria razoável comprar a ação com a expectativa que ela voltasse ao seu múltiplo histórico de 10x, se a sua queda de lucros naquele trimestre fosse apenas uma anomalia de curto prazo.

 Quando projetamos múltiplos justos para uma companhia baseado em lucros futuros estimados, começamos a fazer previsões daquilo que pode acontecer no futuro. Embora possamos pesquisar extensamente, de modo a que o risco de estarmos errados seja mínimo, ele sempre existirá. Se apenas uma das hipóteses que fizermos estiver errada, o papel acabará não indo para o lugar que esperávamos que ele fosse. Dito isso, se a maioria dos investidores e companhias lá fora estiverem empregando a mesma estratégia, fazendo suas próprias estimativas também, na pior das hipóteses não estaremos sozinhos.

 Uma modificação na abordagem do múltiplo é determinarmos a relação entre o P/L da companhia e o P/L médio do Ibovespa Se a companhia "ABC" tem sido comercializada a 150% do Ibovespa, e o Ibovespa está atualmente em 10, muitos investidores acreditam que a companhia deveria estar sendo comercializada a um P/L justo de 15, assumindo que nada mudou. Essa relação histórica requer alguns bancos de dados e planilhas sofisticadas que não são largamente utilizadas por investidores individuais, embora muitos administradores de recursos empreguem essa abordagem.

 Os dados fundamentalistas das empresas da Bovespa (P/L, PEG, PSR entre outros) podem ser acessados gratuitamente no site "ComDinheiro".

"Take Care of Your Money!"