Sejam pessoas com 3 carros novos importados na garagem do meu prédio ou o nosso porteiro. Hoje, este morador do meu prédio (dos 3 carros) que era um grande empresário, faturamento de milhões numa empresa de bebidas, faliu e vendeu o apartamento, pois nem o condomínio tinha mais como pagar. Era rico “de mentirinha”.
Colegas de profissão meus, com mais de 55 anos de idade, reclamam do mercado e trabalham duro para se sustentar. Tenho dó, pois alguns ainda sustentam "filhos carrapatos", com mais de 30 anos, as vezes casados e que tem seus próprios filhos.
Um dos meus amigos, sujeito espetacular, tem um filho de 40 anos de idade que é... petista. O post não é sobre política, acreditem, mas fatos são fatos. Vamos chamá-lo de "Ademar". Certo dia, Ademar me disse: "acho bacana sua mentalidade política e de investimentos, você sendo mais novo que eu me renova as esperanças". Para resumir, acabou desabafando que seu filho mais velho (casado e com um filho) era petista desde a faculdade (universidade federal), que mal conseguia um emprego onde ficasse nele, há anos; e que ele vivia lhe pedindo dinheiro de rotina, também desde sempre. E que o filho não aceitava críticas sobre ideologia política.
Perguntei por que ele ainda dava dinheiro para ele, sendo que socialistas não precisam do "vil metal". Claro, a resposta foi que como era seu filho, o coração "doía se não ajudasse". De forme educada, disse a ele: "Ademar, todo filho socialista é sustentado por pais trabalhadores e capitalistas. A culpa é sua e de sua esposa, meu amigo". Ele de rosto triste, disse que eu tinha plena razão. De forma justa, cito que conheço casos de filhos sem nenhuma ideologia política e que também são parasitas dos pais, avós, tios, mesmo sendo adultos com mais de 30 anos e barba na cara. Estes "filhos carrapatos" sugam o dinheiro, a energia, a vida, a aposentadoria e a felicidade de seus parentes que assim o permitem que façam. De quem é a culpa?
Excluindo os casos reais de filhos, sobrinhos e netos bandidos, que ameaçam e batem em idosos de sua família e tomam seu dinheiro para os mais variados fins - aqui, a impunidade, o medo e a violência doméstica são as armas desses calhordas - a culpa deste tipo de comportamento é dos pais ou dos criadores.
Pais não são obrigados a dar dinheiro a seus filhos. Nossa obrigação é dar amor, educação, casa, comida, saúde e orientá-los para a vida. Temos que ter uma relação saudável, amigável, fiel e frutífera para todos. E aí que entram a falta de educação regular e financeira dos pais, a qual é passada de "modelo" (monkey see, monkey do) para seus filhos que se tornam meros usuários do dinheiro sem esforço. O filho pediu a bicicleta mais cara? Papai compra, mesmo tendo uma ótima mais barata. A filha quer o vestido mais caro? A mamãe compra! Isso, mesmo com notas ruins na escola ou se comportando mal no dia a dia.
A mistura da sensação da falta de obrigações e de responsabilidade, da falta de punição, somada com a premiação em dinheiro e coisas que agradem a criança, gera o meio perfeito para criarmos parasitas ao invés de cidadãos conscientes: eis que nascem os pobres, dentro de nossas casas. "Meus pais são ricos, tenho tudo que quero e na hora que quero; é só pedir", pensa aquela criança que não sabe de todo o empenho e trabalho que ocorreu, para que seus desejos fossem atendidos.
Lendo hoje um artigo no Infomoney, vi um texto bacana sobre a relação entre padrão de vida e felicidade (não são diretamente proporcionais). A certa altura, diz o texto:
"Aladdin, o pobre ladrão de bom coração, tem a sua vida transformada no dia em que liberta o gênio de sua lâmpada mágica. Ele tem direito a três desejos e pode pedir basicamente o que desejar – exceto mais desejos.
Sua reação?
- Por que apenas três?, perguntou ao gênio... Para quem não tinha direito a desejo nenhum, sua perspectiva muda rapidamente."
Assim é o ser humano, independente de onde mora, de sua cor, sexo, etc. Se não ouvirem o "não" na idade e na hora certa, se não tiverem exemplos dentro de casa no dia a dia, se não souberem que seus atos tem consequências, que o cartão de crédito não é "dinheiro mágico", estamos criando "filhos carrapatos" e que nos sugarão o resto de nossas vidas. E quem tem mais, invariavelmente quer mais.
Como certa vez, meu filho aos 6 anos disse que para pagar as coisas, era só usar o cartão... Percebem a visão errônea, mesmo que inocente, das crianças? Coube a mim explicar que se ele tivesse um cartão de crédito, teria "zero de dinheiro" nele, justamente por que não trabalhava. A idéia do "cartão mágico" morreu ali mesmo e sem direito a lápide.
Só podemos dar educação financeira se primeiro dermos educação básica de qualidade, pois no mínimo as crianças precisam saber matemática (coisa rara no Brasil). Depois, ensinar princípios de vida, dando o exemplo no dia a dia as mesmas, como a não gastar mais do que se ganha, ensinar a poupar para o futuro, a não comprar as coisas apenas por comprar (consumismo). Ensinar o valor e o preço das coisas, ambos são importantes. Ensinar valores morais, nunca se esqueçam disso!
Feito isso, vem a educação financeira, que pode começar cedo também (o AA40 tem um
post novo bem legal, sobre EF para crianças), de forma gradativa e de acordo com a idade delas.
Agora a frase "os pobres moram dentro de nossas casas", te faz algum sentido? Temos duas pobrezas: uma financeira e outra espiritual, sendo que a segunda leva a primeira com muita facilidade. Você pode combater as duas, ao educar a si mesmo, aos seus filhos e cônjuge quanto ao assunto independência financeira. Quem não se educa ou também não educa a família desde cedo, verá sua aposentadoria ser comprometida sustentando marmanjos, como ficou bem claro no texto do Blog do Clube dos Poupadores.
Creio que não é isso que deseja para si mesmo, muito menos para seus filhos. Não seja você o sabotador do seu futuro - e deles! Faça uma análise de sua família (parentes inclusive) e veja se não há idosos sustentando filhos e netos. Essa história, eu conheço.
Para rir um pouco... KKKK